top of page
  • Foto do escritorFernanda Polo

"O jornalismo se tornou mais importante do que nunca", diz Juremir Machado

Juremir Machado da Silva fala de sua trajetória, de projetos recentes, da paixão pela profissão e do papel do jornalismo na atualidade


Alguns pôsteres com publicações de trabalhos em francês e lançamentos de livros ilustram as pequenas paredes do gabinete onde Juremir Machado da Silva costuma estar, na PUCRS. O local inusitado escolhido para o encontro se deve à agenda cheia do jornalista, que pouco fica na redação do Correio do Povo. Apaixonado por jornalismo, para ele não faltam palavras para versar sobre a profissão e o seu papel no atual cenário brasileiro.


Para Juremir, a definição fundamental de jornalismo é publicar o que alguém quer esconder. Na época das fake news, o jornalismo se tornou mais necessário do que nunca. Os jornalistas assumem, nesse novo cenário, um papel decisivo e central: “Quanto mais há informação circulando, mais se precisa de jornalistas. Alguém tem de organizar, checar, dar qualidade a essa informação”, declara Juremir. Além disso, para ele, jornalismo é a “expressão do contraditório”, mostrar um ponto e o seu contraponto. Em tempos de transformação das redações, o jornalismo mantém a sua essência ao buscar, verificar e esclarecer informações, apresentando diferentes visões.


“Eu sempre quis ser jornalista”, revela Juremir, que desde pequeno sonhava em trabalhar na área. Como jornalista, sempre seguiu, em sua admirável carreira, a atual tendência do profissional multifacetado, transitando pelos mais diversos meios: rádio, televisão, jornal e até mesmo blog. Trabalhou na Zero Hora, foi comentarista do SBT, possui um programa na Rádio Guaíba e assina colunas diárias no Correio do Povo. Nas áreas de atuação, também diversificou: jornalismo esportivo, político, cultural… “Tenho feito de tudo um pouco”, como ele mesmo define.


Juremir Machado da Silva discursa em uma palestra
Juremir é escritor, tradutor, jornalista, radialista e professor universitário. Foto: Rodrigo Cancela/CPFL Cultura

Juremir destaca os dois anos que passou em Paris como correspondente internacional para a Zero Hora como o momento mais marcante de sua trajetória. “Ter sido correspondente internacional foi muito bom. Eu pude viajar bastante e ter uma experiência muito intensa de jornalismo. Fazia de tudo um pouco. Um dia fazia economia, no outro dia fazia esporte, no outro política. Foi muito bom, muito forte”, revela. O encantamento com a França é evidente em sua personalidade e em seu próprio escritório. No entanto, considera outros momentos como tendo igual importância em sua carreira, marcada por sucesso e polêmicas. “Todos esses momentos foram muito fortes.”


A entrevista ocorreu em meados de 2018, em um momento bastante significativo para o jornalista, pois, na semana anterior, ele havia se demitido ao vivo de um programa da Rádio Guaíba, por ter sido proibido de questionar o então futuro Presidente da República, Jair Bolsonaro, em uma entrevista. Apesar da polêmica, Juremir continua trabalhando na rádio e no jornal e elogiou a postura da empresa ao compreender sua demanda em sair do programa. No entanto, episódios como esse são ilustrativos de tempos incertos e de “momentos de incógnita” e, para Juremir, cabe ao jornalismo o papel decisivo de fiscal do poder, sobretudo nesta próxima fase que o Brasil estava prestes a entrar.


O jornalista e escritor também comentou sobre o novo livro “1968: de maio a dezembro”, lançado em novembro, do qual é um dos organizadores. O livro marca os 50 anos dos acontecimentos e baseia-se em relatos trazidos por jornalistas que vivenciaram aquela época. Segundo Juremir, o livro “conta a efervescência de maio de 68, um momento de liberação, de explosão, de utopia e de sonho no mundo, especialmente na França, e conta também como foi dezembro. Maio foi luminoso; dezembro foi sombrio, com o endurecimento da ditadura.” O ano foi marcado pela promulgação do Ato Institucional nº 5, que endureceu a ditadura militar no Brasil, bem como por movimentos libertários em outros países. A obra é uma coletânea que relembra um dos principais papéis do jornalismo na sociedade: o de serviço de memória e denúncia.


Em pouco tempo de conversa com Juremir, pode-se perceber que ele ainda preza pelos valores do jornalismo. Seus pontos de vista sobre a profissão se mantêm atuais, e fica claro o porquê de ele ser um dos maiores jornalistas do estado e do país. Sua carreira serve de modelo e inspiração para aqueles que pretendem conquistar e produzir muito como jornalistas. Ele transmite, agora, os ensinamentos de sua trajetória, ao mesmo tempo que descobre e indica os novos caminhos para o futuro do jornalismo.

1 comentário

Posts Relacionados

Ver tudo
bottom of page